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quinta-feira, 10 de abril de 2008

Quo vadis Briosa?


José Eduardo Simões dixit ou as promessas que nunca passaram disso mesmo:

1) – REVISÃO ESTATUTÁRIA

Queremos proceder à revisão dos estatutos”, in Diário de Coimbra, 05-11-2004, ideia esta que foi reforçada por Almeida Santos, na qualidade de Presidente da Mesa da Assembleia-geral no dia da tomada de posse (14-01-2005), ao deixar o alerta de que era necessário rever os actuais estatutos que são “piores que maus, são péssimos. Têm lacunas e são confusos. Temos de dotar a Académica de estatutos condizentes com os seus pergaminhos”.

Abril de 2008 – A revisão estatutária, tão propalada dado o seu carácter urgente, permaneceu 3 anos na bruma. A Académica continua a ter uns estatutos que, no entender de Almeida Santos, não são condizentes com os seus pergaminhos, que têm lacunas e que não são cumpridos.

2) CRIAÇÃO DE UMA EMPRESA DE INVESTIMENTOS E PARTICIPAÇÕES QUE FACILITEM A AQUISIÇÃO DOS PASSES DOS JOGADORES

Temos de criar uma sociedade que seja capaz de substituir a Académica em algo que a Académica não consegue fazer, que é adquirir activos; essa sociedade pode ter o nome de Académica Investimentos e Participações Sociais”, in Diário de Coimbra, 05-11-2004, acrescentando mais tarde que “a criação de um fundo de investimento dedicado à aquisição de alguns jogadores prioritários que possam ser uma mais valia para o clube é para nós uma prioridade muito forte que queremos implementar a curto prazo”, in Despertar, 03-12-2004.

Abril de 2008 – Não só a direcção presidida por José Eduardo Simões não procedeu à criação de uma empresa de Investimentos e Participações como não rentabilizou activos. A Académica, desde 2003, procedeu à inscrição de 90 (!) jogadores, o que evidencia a total falta de critério ao nível da gestão desportiva, capacidade de identificar e rentabilizar talentos, assim como dotar a equipa de uma estrutura sólida, coerente, que confira um mínimo de identidade à equipa.

3) – AQUISIÇÃO DA SEDE DO PROCAC NOS ARCOS DO JARDIM (?)

Comprometo-me a adquirir para a Académica o edifício dos Arcos do Jardim, nas condições que forem acordadas com o Conselho de Administração do PROCAC, em Janeiro de 2005”, in As Beiras de 24-11-2004, aquando da apresentação da sua candidatura ao triénio subsequente.

Abril de 2008 – A aquisição tem vindo a sofrer permanentes adiamentos, que nos colocam perante a verdadeira questão: há mesmo interesse em proceder à respectiva aquisição? Três anos não foram suficientes para acordar com o Conselho de Administração do PROCAC os termos da alienação?

4) – CRIAÇÃO DA FUNDAÇÃO

“Precisamos de proceder à criação de uma Fundação em que todos os bens imobiliários possam ser concentrados para que não haja tentações de hipotecas e de venda desses activos”, in Despertar, 03-12-2004.

Trata-se de mais uma atoarda lançada em plena campanha eleitoral que não passou disso mesmo, sendo que o risco de hipotecas sobre os bens imobiliários e a “tentação” de venda desses mesmos bens, permanece viva, bem real e com razão de ser, dado o extraordinário aumento do passivo que se verificou nestes últimos 3 anos.

5) – O SURGIMENTO DO MUSEU DA ACADÉMICA

“Considero estratégico criar aquilo que seria o Museu do desporto de Coimbra, que seria uno, pois incluiria tudo o que está na AAC, nomeadamente a Taça de Portugal conquistada em 1939, todos os troféus e todo o historial que existe na OAF”, in Despertar, 03-12-2004, reforçando esta promessa ao dizer que “é minha intenção criar o Museu do Desporto Académico de Coimbra, reunindo no mesmo local todos os troféus que andam por aí espalhados e se possam relembrar nele os principais feitos, figuras, eventos e conquistas desde a fundação da Académica”, in As Beiras, 03-12-2004.

Abril de 2008 – A ideia de proceder à criação de um museu, que vinha de encontro aos anseios de muitos dos associados que sonham, ainda hoje, em poder estar em contacto com o espólio do clube no que aos troféus diz respeito, num espaço condigno e que reflicta a grandeza da Académica, não passou do papel e de mais uma tentativa de capitalizar junto dos sócios, que têm, actualmente, absoluta legitimidade de se sentirem defraudados e enganados em mais uma (vã) promessa eleitoralista. Os troféus permanecem, portanto, espalhados, ao desbarato, sem o mínimo de dignidade por aquilo que simbolizam, fazendo parte de um passado nobre que esta direcção teima em querer fazer esquecer, o que algo de insustentável para todo e qualquer adepto da Académica, que tem MEMÓRIA!

6) – PROSPECÇÃO E FORMAÇÃO DE NOVOS TALENTOS COM RECURSO A PROTOCOLOS COM CLUBES DA REGIÃO CENTRO, IN Expresso, 11-12-2004

Abril de 2008 – O único protocolo existente actualmente é com o Tourizense, clube que mantém uma parceria, a nível nacional, com o Futebol Clube do Porto. Quer isto dizer que, não só a Académica não desenvolveu parcerias com clubes a nível da região centro, sendo evidente a ausência de toda e qualquer base de prospecção e formação de novos talentos a esse nível, como também o único protocolo existente e em vigor, apenas tem por finalidade permitir alguma rodagem aos jovens jogadores que saem dos nossos escalões de formação, que vêem vedada a possibilidade de ascender ao plantel principal em virtude do grande número de estrangeiros e jogadores emprestados aí existentes, sendo emprestados ao clube de Touriz, onde, muitas vezes, caem no esquecimento em detrimento de outros, oriundos do clube com o qual o Tourizense mantém, verdadeiramente, uma relação de filiação: o Futebol clube do porto.

7) – REDUZIR O PASSIVO SEM COMPROMETER O ESFORÇO DE INVESTIMENTO

O passivo está hoje em sete milhões de euros”, in A Bola, 15-12-2004. Mais especificamente, e de acordo com o Relatório e Contas do 1.º semestre de 2004, o passivo ascendia então a 7.142.218,14 €. “ Com a minha direcção, a Académica passou a ser um clube viável e com as contas cristalinas”, in Diário as Beiras, 06-12-2004.

Abril de 2008 – O último relatório e contas evidencia que o passivo da Académica ascende actualmente a 10,5 milhões de euros, consubstanciando um aumento de 3,5 milhões de euros face ao triénio anterior. Significa isto que a gestão de José Eduardo Simões levou a Académica a aumentar o seu passivo em 50% (!) face a 2004, a uma média impressionante de 1 milhão de euros anuais.

A ideia do saneamento financeiro da Briosa é tanto mais falsa se tivermos em conta que as receitas aumentaram significativamente, conforme refere o próprio José Eduardo Simões: “Temos um conjunto de receitas certas, permanentes, que nos dão segurança, que será estável ao longo dos próximos anos e o que nós podemos fazer é continuar este caminho, de forma a contrariar as despesas e manter uma equipa muito competitiva”, in Despertar, 03-12-2004.

Portanto, impõe-se apenas uma conclusão: se o volume de receitas aumentou significativamente, se essas receitas foram permanentes e estáveis, e se o passivo aumentou extraordinariamente sem qualquer tipo de correspondência a nível desportivo, a direcção da Académica falhou num dos seus principais desígnios, comprometendo o futuro da Académica através de uma gestão ruinosa.

8) – ESTABILIZAR A PRESENÇA NA LIGA PRINCIPAL DE FUTEBOL E ACEDER ÀS COMPETIÇÕES EUROPEIAS

É possível chegar já esta época a uma classificação europeia”, declaração proferida no debate radiofónico na Antena 1, a 05-12-2004, in As Beiras, 06-12-2004

Abril de 2008 – A Briosa tem garantido a permanência no escalão maior do futebol, ciclicamente, na derradeira jornada dos vários campeonatos em que tem participado. O orçamento para a equipa de futebol profissional, para a época de 2007/2008 rondou os 4,6 milhões de euros, o sexto mais elevado da Liga Bwin. Apesar disso, a Briosa permanece nos últimos lugares da tabela classificativa, não conseguindo fazer face a clubes de menor dimensão, com orçamentos significativamente mais baixos, mas que logram lutar pelos lugares cimeiros. A Europa tem sido, com José Eduardo Simões, uma mera utopia ou miragem.

A nível de treinadores, passaram pela Académica Artur Jorge, Vitor Oliveira, João Carlos Pereira, Nelo Vingada, Manuel Machado, Domingos Paciência. Denominador comum? O facto de nenhum deles se ter imposto.

A nível de jogadores, foram apenas 90 os inscritos nos últimos 3 anos, o que evidencia tudo menos estabilidade. Falta de coerência na política de contratações, vendas de jogadores ao desbarato, falta de identidade.

9) – MINIMIZAR A POLÍTICA DE JOGADORES EMPRESTADOS

“Apenas em casos excepcionais recorreremos a jogadores emprestados”, declaração proferida no debate radiofónico na Antena 1, a 05-12-2004, in As Beiras, 06-12-2004.

Abril de 2008 – A Académica tem tido no seu plantel principal, em todas as épocas, um mínimo de quatro/cinco jogadores emprestados, o que perfaz praticamente metade do onze titular. Salvo raras excepções, têm sido jogadores de valor questionável, que nada vêm acrescentar em termos qualitativos à equipa e impedem que os (poucos) jogadores formados na Briosa possam singrar na equipa principal.

10) – IMPLEMENTAÇÃO DE UM MODELO DE JOGO

“Junto da Faculdade de Ciências do Desporto da Universidade de Coimbra estamos a trabalhar naquilo que será o modelo da Académica:a sistematização do modelo de jogo, pois com o mestre Cândido de Oliveira tínhamos um modelo definido e queremos voltar a ter um modelo próprio”, in A Bola, 15-12-2004.

Abril de 2008 – A Académica não tem hoje nenhum modelo de jogo definido, tendo vindo a descaracterizar o seu futebol, fruto das constantes entradas e saídas de treinadores e de jogadores, o que contribui para a total perda de identidade da equipa, bem patente no divórcio que se verifica entre o clube a os adeptos, cada vez mais ausentes do estádio.

11) – AUMENTAR O NÚMERO DE SÓCIOS PARA 30.000

“Queremos chegar aos 30.000 sócios”, in Campeão das Províncias, 27-01-2005.

Abril de 2008 – A realidade do clube, ao nível de sócios pagantes, á absolutamente desoladora, pois apenas pouco mais de 3.000 o são. Uma diferença abismal para o que havia sido prometido e que apenas vem comprovar que a massa adepta não se identifica com esta Académica, vindo progressivamente a distanciar-se dela.

11) – NOVAS VALÊNCIAS PARA O PAVILHÃO OAF

“O objectivo é dotar o pavilhão Jorge Anjinho de outras valências e conforto, passando a infra-estrutura a usufruir de habitações (estúdios), escritórios e serviços”, in Diário de Coimbra de 23-04-2005

Abril de 2008 – O pavilhão Jorge Anjinho não foi requalificado e continua à espera dessas mesmas valências, permanecendo esta como mais uma das muitas promessas não cumpridas por José Eduardo Simões.

12) – A CONCLUSÃO DA ACADEMIA BRIOSA XXI

A partir de Fevereiro (2005) irão ser instalados os relvados sintéticos e no início da próxima temporada (2005/2006), as camadas jovens estarão concentradas na Academia, e a aposta na formação vai ser ainda mais forte”, in O Jogo, 01-01-2005.

Abril de 2008 – Apenas quase três anos depois do previsto se concluiu o Centro Dr. Francisco Soares, com os custos inegáveis que isso teve, quer em termos financeiros como da própria equipa de futebol e formação. Em ternos de aposta na formação, os resultados são praticamente nulos. Os últimos jogadores que ascenderam dos escalões jovens foram Zé Castro, Nuno Piloto e Vítor Vinha, sendo que nos últimos 3 anos se assistiu a uma preocupante estagnação a esse nível.

13) – PROFISSIONAIS E EX-ATLETAS A ENSINAR JOVENS DA FORMAÇÃO

“Quero implementar que cada atleta sénior se responsabilizasse por outro da formação (…) e lhe explicasse o que é ser profissional”, in O Jogo, 02-01-2008

Abril de 2008 - Além de ter feito tábua rasa desta ideia, dificilmente a mesma seria exequível num executivo presidido por José Eduardo Simões, que acumulou tensões e más relações com ex-jogadores da casa:

O Fábio Felício fugiu e saiu de uma forma habilidosa para o Leiria(…);

Fui alertado um ano antes que o Zé Castro ia para o Atlético de Madrid(…); Dame desapareceu e de repente apareceu noutro clube (…);

Marcel nem treinar queria na Académica (…);

Lucas desmereceu o facto de ter sido capitão e de ter envergado a camisola da Académica (…);

Sérgio Conceição usou golpes baixos, próprios de pessoas sem princípios académicos ou sociais (…)”, in jornal O Jogo, 02-01 e 01-02 de 2008.

14) – UM NOVO ESTÁDIO

“O grande sonho é o novo estádio”, in O Jogo de 02-01-2008

Trata-se da última pérola de José Eduardo Simões. Não obstante o descontrole das contas, o aumento do passivo, a diminuição de sócios e a crise desportiva, o presidente da Académica entende que a prioridade passa pela construção de um novo estádio, que venha substituir o actual, num projecto megalómano e altamente lesivo dos interesses da Académica a curto, médio e longo prazo.


 
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